domingo, 30 de dezembro de 2007

Árvores

No final de mais um ano, as árvores mantêm o seu porte majestoso, mesmo que o vento, o frio e a chuva as fustiguem amiúde ...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Rotina

Ei-la de novo e sem autorização ou passaporte.
Instala-se e pronto ... não paga renda, não pede licença, "abanca".
Já não há: "fala mais baixo que acordas o menino"; "cuidado com a porta aberta"; "despacha-te que pode ser preciso alguma coisa"; "agora não me peças nada".
A casa é enorme !!!
Ontem tinha tanta gente ...

domingo, 23 de dezembro de 2007

Natal

As flores do Natal, no jardim e na Casa.

Estão cá todas ... as grandes, as pequenas, as "estrangeiras" e as nacionais, as que aqui nasceram e as que se juntaram.

É o jardim completo ... por pouco tempo.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Sem data

No final dos anos sessenta fazer uma escritura significava, pelo menos, uma manhã de burocracia, depois de algumas passagens pelas Finanças e pela Conservatória, também pela Câmara, para obter os documentos necessários.
Ao Notário, coadjuvado pelo Ajudante de mangas de alpaca no casaco, cabia a marcação da data, depois de uma olhada rápida pelos elementos entregues. Os pormenores ficavam para o dia aprazado, com a presença de todos os intervenientes, que compareciam com bastante antecedência para que nada pudesse correr mal e o serviço, de muita responsabilidade, não fosse prejudicado pelo atraso de alguém.
Nessa altura trabalhava como empregado de escritório (ou guarda-livros como, por vezes, ainda se ouvia aos mais velhos) de uma grande casa agrícola da região, cujo proprietário, herdeiro de uma grande, antiga e conceituada família, era uma pessoa de grande cultura, educação e rigor.
Pouco dado às burocracias e com, por certo, coisas bem mais interessantes para fazer, mandava-me ir em sua representação e chegava, apenas, na hora aprazada para o acto. O Notário conhecia os hábitos e sabia que, à hora marcada, deveria ter a escritura totalmente pronta e em condições de ser lida e assinada, porque a sua pontualidade era "inglesa".
Naquele dia, à hora prevista, não chegou ...
Passou-se quase meia hora e nada ...
Pedi ao Notário para utilizar o telefone, fixo, que os móveis só chegariam muitos anos depois.
Liguei para a Quinta e fui atendido de imediato. Estava, quase de certeza, sentado a aguardar o telefonema.
- Estamos todos à sua espera ...
- Para quê?, foi a pergunta que surgiu do lado de lá.
- Para assinar a escritura de... deixei um recado escrito num papel, na mesa da sala verde, respondi, já com algum receio e sensação de culpabilidade.
- Vi e li. Não tinha data, não fiquei a saber que era para hoje. Vou já para aí.
Nunca mais esqueci a lição.
Ainda hoje, em qualquer nota, por mais curta que seja, coloco sempre a data.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Natal

 NATAL UP-TO-DATE

Em vez da consoada há um baile de máscaras
Na filial do Banco erigiu-se um Presépio
Todos estes pastores são jovens tecnocratas
que usarão dominó já na próxima década

Chega o rei do petróleo a fingir de Rei Mago
Chega o rei do barulho e conserva-se mudo
enquanto se não sabe ao certo o resultado
dos que vêm sondar a reacção do público

Nas palhas do curral ocultam microfones
O lajedo em redor é de pedras da Lua
Rainhas de beleza hão-de vir de helicóptero
e é provável até que se apresentem nuas

Eis que surge no céu a estrela prometida
Mas é para apontar mais um supermercado
onde se vende pão já transformado em cinza
para que o ritual seja muito mais rápido

Assim a noite passa. E passa tão depressa
que a meia-noite em vós nem se demora um pouco
Só Jesus no entanto é que não comparece
Só Jesus afinal não quer nada convosco

Obra Poética (1948-1988)
David Mourão-Ferreira
Editorial Presença (1997)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Orgulho sem preconceito

A Casa hoje está muito orgulhosa!

Um dos seus rebentos (agora já são honorários, mas sempre de pleno direito) submeteu-se às provas de doutoramento em Biologia, na Faculdade de Ciências de Lisboa.

Cá dentro havia a certeza de que tudo iria correr bem, mas o sistema nervoso tem andado algo descontrolado nestes últimos dias.

Quando o meu neto puder entender, vou contar-lhe que a mãe foi aprovada por unanimidade, com distinção e louvor e que respondeu a perguntas e explanou ideias durante mais de três horas.

Perdoe-se a vaidade (contida), mas a modéstia em demasia é defeito.

O mérito (e o trabalho) é todo dela - "é uma valente" - mas nós também demos um pequeno contributo.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Laços

Venceu o Concurso de Curtas do YouTube. São pouco mais de seis minutos de filme, que valem a pena, pela forma como o laço atado se desata, puxando pela ponta, por mais pequena que seja. "A vida nada mais é que viver cada coisa que acontece".