quarta-feira, 25 de maio de 2011

Quotidiano

Um "jovem trintão", meu amigo e colega de profissão, enviou-me hoje um mail com uma canção residente neste endereço Youtube, a sua letra completa e uma epígrafe que dizia
"... ainda acho que nem tudo o que é antigo é para deitar fora ...".
Obrigado, GP.
O espectáculo do vídeo, denominado "Três Cantos" aconteceu em Outubro de 2009 e juntou, pela primeira vez, três "dinossauros" da música portuguesa: Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto Bordalo Dias.
Fazem parte da minha colecção os dois CD's e os dois DVD's que o registaram para a posteridade. 

terça-feira, 24 de maio de 2011

Palavras bonitas

NOITE PERDIDA
Coitado do rouxinol!
Passou a noite ao relento,
Do pôr ao nascer do sol,
Sem descansar um momento,
Sempre a cantar, sem dormir,
Absorto no pensamento
De ver uma rosa abrir ...
Coitado do rouxinol!
Passou a noite ao relento,
Do pôr ao nascer do sol,
Sempre a cantar, sem dormir.
Mas o mísero - coitado!
Cantando tão requebrado,
Com tal cuidado velou,
Que adormeceu de cansado,
E os olhos tristes cerrou
No minuto, no momento
Em que ao luar e ao relento
A rosa desabrochou ...
Coitado do rouxinol!
Com tal cuidado velou
Do pôr ao nascer do sol
E tanto, tanto cantou,
A noite inteira ao relento,
Que de fadiga e tormento,
Sem descansar, sem dormir,
Fecha os olhos, perde o alento,
No minuto, no momento
Em que a rosa vai abrir ...
Coitado do rouxinol!

Antologia de poemas portugueses modernos
António Feijó
Ática Poesia (2010)

sábado, 14 de maio de 2011

Opinião e um poema

No Expresso desta semana:
Ricardo Costa – Isto depois logo se vê (1º Caderno - Pág. 03)
“… Dou a minha causa por perdida. Este país adora documentos e powerponts. Eu também desenho um governo numa tarde ….”  
Miguel Sousa Tavares – Não há inocentes (1º. Caderno - Pág.07)
“… Acho que nunca tinha visto um partido tão mal preparado para uma campanha eleitoral. Certamente que há outra e melhor gente no PSD, mas remeteram-se ou foram remetidos ao silêncio. E, perplexo, o país pergunta-se se são estes, que só acumulam asneiras, ignorância e incompetência chocantes e até argumentam com palavrões e insultos, que querem mesmo governar Portugal. Já sabíamos que Sócrates tem sete vidas, mas oito?”
Henrique Monteiro – Vem aí o lobo mau (1º. Caderno – Última página)
“ Mas não foi com pensionistas ou trabalhadores que houve derrapagens e se cometeram excessos. Foram, sim, estradas inúteis, projectos inúteis, consultadorias inúteis, propaganda inútil e boys inúteis que deram cabo do país. Além das inúmeras promiscuidades - com banqueiros, especuladores, Joes Berardos diversos, empresas do regime, ditadorzecos vários, etc. – que em nada contribuíram para o louvado Estado social e apenas minaram a coesão do país.”
Nicolau Santos – Cem por cento (2º. Caderno - Pág.05)
Emprestem-me palavras para o poema; ou dêem-me
sílabas a crédito, para que as ponha a render
no mercado. Mas sobem-me a cotação da metáfora,
para que me limite a imagens simples, as mais
baratas, as que ninguém quer: uma flor? Um perfume
do campo? Aquelas ondas que rebentam, umas
atrás das outras, sem pedir juros a quem as vê?
É que as palavras estão caras. Folheio dicionários
em busca de palavras pequenas, as que custem
menos a pagar, para que não exijam reembolsos
se as meter, ao desbarato, no fim do verso. O
problema é que as rimas me irão custar o dobro,
e por muito que corra os mercados o que me
propõem está acima das minhas posses, sem recobro.
E quando me vierem pedir o que tenho de pagar,
a quantos por cento o terei de dar? Abro a carteira,
esvazio os bolsos, vou às contas, e tudo vazio: símbolos,
a zero; alegorias, esgotadas; metáforas, nem uma.
A quem recorrer? que fundo de emergência poética
me irá salvar? Então, no fim, resta-me uma sílaba – o ar –
ao menos com ela ninguém me impedirá de respirar.
Nuno Júdice – A pressão dos mercados
P.S. – Espero que Eduardo Catroga não seja leitor do meu blog, para não correr o risco de ter um comentário assim.

domingo, 8 de maio de 2011

8 de Maio

Hoje devia ser capaz de escrever qualquer coisa ... e não consigo.
Se não tivesse partido, a minha mãe completaria hoje a oitava capicua da sua vida.
Ficamos sempre incompletos ...