domingo, 29 de abril de 2007

Portugal no seu melhor

Como acontece com toda a gente, a minha caixa de correio electrónico recebe, diariamente, inúmeras mensagens, com um grande número sem qualquer interesse.
Porém, como não há regra sem excepção, surge, por vezes, correspondência que desperta a atenção e motiva interesse.
É o caso deste trabalho, brilhante, de um grupo de alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, datado de 2005, provavelmente já conhecido de muita gente, mas que só hoje entrou na Casa.
É um retrato extraordinário, a que só falta a "cuspidela", o empurrão "qu'eu já cá 'tava" e o "coçar onde é preciso".
Visitem, não esquecendo de explorar bem os pontos e as figurinhas, em:

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Símbolos


E vão trinta e três ...

Salgueiro Maia, fotografado no Carmo por Alfredo Cunha

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Capicuas

22 + 33 = 55

22 - Como era novo!

33 - Já decorreram. Parece que foi ontem!

55 - São os de hoje!

As próximas acontecerão em 2018.

Cá estarei ... para comentar!

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Livros - Dia Mundial

Conhecemo-nos há cerca de 50 anos e temos mantido uma amizade sã, sem arrufos nem zangas dignas de registo. Os primeiros encontros tiveram lugar sem contacto físico, com leituras (pela voz da mãe e da irmã) retiradas dos livros da primária, alguns dos quais, mais tarde, me passariam pelas mãos. À força de tanta vez o ouvir, por insistência minha, decorei um texto que contava a história dos bois de um tal Geirinhas, que não puxavam o carro por estarem com os lugares trocados. A cigarra e a formiga também vêm desse tempo.
O aprender a ler permitiu governar-me sozinho e o Jornal de Notícias, chegado do Porto ao final do dia, era devorado no chão da cozinha, única hipótese de ser lido (soletrado), por os braços serem demasiado curtos para o tamanho. O "boneco" do Pacheco de Miranda, na última página, era a primeira coisa a espreitar. Destas leituras vem à memória, sem preocupação de confirmar sequência, o terramoto de Agadir, a invasão de Goa, o assalto ao Santa Maria, notícias que não se entendiam e que os adultos evitavam explicar. Foi no JN que foram tentadas as primeiras palavras cruzadas, com dificuldade para entender a razão pela qual batráquio, com duas letras, era rã.
O vocabulário era curto. Os primeiros livros da Biblioteca itenerante da Gulbenkian foram lidos com dificuldade e com o recurso sistemático a um pequeno Porto Editora que apareceu lá em casa. A maior parte das leituras que fiz na adolescência deveram-se à Fundação Calouste Gulbenkian. O "homem da carrinha" era o conselheiro e, por lhe ter caído no goto ou por me achar maduro (?!), entregou-me A Relíquia , com a cinta vermelha à volta, por volta dos meus 12/13 anos. Foi o primeiro Eça que li, após um estágio com Júlio Dinis.
O Círculo de Leitores permitiu as primeiras compras com regularidade, utilizando os poucos recursos disponibilizados pelo "Ministro das Finanças" lá de casa. Uma das aquisições - Sábado à noite, Domingo de manhã, de Alain Sillitoe - haveria de ser confiscado no dia da apresentação na tropa, com o argumento de que, ali, não teria tempo para ler e que, se calhar, o livro até era subversivo! Abençoado sargento, mais papista que o papa.
A amizade continua ... os livros são mais fofinhos ... o que sobra em vontade, falta nos olhos e nas costas ... mas cá continuamos. A ler, cá nos vamos entendendo e aprendendo.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Primavera

No final de um dia esplêndido, cheio de sol, a "cheirar" a Verão, as rochas, a areia e o mar ... da Foz, à espera da chegada de um visitante novo.

Está quase!

sábado, 14 de abril de 2007

Ecos da semana

  • A novela "Universidade Independente" chegou ao fim, com o encerramento compulsivo da dita escola. Esperemos que a Justiça seja célere a julgar o recurso, se o houver.
  • Não foi necessário Despacho do Ministro Gago nem Decreto do Presidente Cavaco: está assente que não é condição necessária ter uma licenciatura para ser Primeiro Ministro e que, se calhar, até não ajuda nada. No Regulamento de Disciplina Militar do tempo da Monarquia (da autoria do Conde de Lipe, julgo) determinava-se que "o sargento da companhia deve saber ler, escrever e contar, porque pode o Comandante ser nobre e assinar de cruz". A licenciatura é fundamental para se ser caixa no banco ou no supermercado ...
  • O meu Benfica não passou às meias finais da Taça UEFA, dando razão aos que perfilham o ditado que "de Espanha, nem bom vento nem bom casamento". Cerca de 50.000 pessoas, no estádio, alguns milhões, em casa, a olhar a TV, mais umas centenas de jornalistas e a astróloga da SIC, fizeram a equipa ideal e delinearam tácticas e estratégias infalíveis para vencer a eliminatória ... e não cobraram nada por isso.
  • Deixando a ironia, uma chamada para a reportagem sobre a tuberculose, a Sida e o voluntariado de Jorge Sampaio, publicada na Visão, que merece ser lida atentamente, para se perceber que há coisas muito mais importantes do que um mero jogo de futebol ou um simples diploma, mesmo adulterado.
  • Apesar da situação difícil em que se encontra, António Lobo Antunes continua fantástico a escrever! A crónica corajosa, como a designa a Visão na 1ª. página ou Crónica do hospital, como lhe chama o autor, é imperdível.

domingo, 8 de abril de 2007

Ovos de Páscoa

Com a devida vénia ao Expresso e o aplauso a António, cartunista que, todas as semanas, nos delicia com desenhos absolutamente fantásticos.

Palavras bonitas



AQUIETAÇÃO

Melro arisco e feliz
Que, na brancura
Pura
Das camélias,
Chocas ovos pascais
Galados de ressurreição,
Quem te contou da triste maldição
Dos poetas,
Sombras de inquietação
E de agoiro maninho?
Sossega no teu ninho.
Aquece e amadurece
O mistério da vida.
E deixa que eu te espreite envergonhado
Do poema gorado
Que sai da minha inveja enternecida.

Diário XII
Miguel Torga
Gráfica de Coimbra (1986)

quarta-feira, 4 de abril de 2007

"Dótores e Engenêros"

Com a nossa tendência para complicar e para ver fantasmas em todo o lado, arranjamos, agora, um "par de botas" que toda a gente acha dificílimo de descalçar.
Os "malandros" dos jornais foram "à pergunta" e descobriram que as habilitações académicas do Senhor Primeiro Ministro não lhe devem permitir usar o título honorífico de Engenheiro (Eng.).
A notícia causou grande alarido e algum mal estar no Governo, havendo já articulistas a prognosticarem o fim do "estado de graça".
A opinião aqui da Casa é que a descoberta e a queda das três letrinhas só prestigiam o Primeiro Ministro e o país, colocando-nos, finalmente, em igualdade com todos os países da Europa e do Mundo.
José Sócrates poderá, assim, reunir com Angela Merkl, trabalhar com Tony Blair, dialogar com George Bush e conversar com Vladimir Putin sem necessidade de lhes explicar o que significam aquelas três letrinhas que antecedem o seu nome, preocupando-se apenas em fazê-los compreender as suas ideias, tarefa que não será, seguramente, muito fácil.
Sigamos o cherne, perdão, o Zé Manel, que chegou a Presidente da Comunidade Europeia e reciclemos os "dótores" e "engenêros" que por aí abundam, pavoneando-se com um papel (que não mostram) e ofendendo aqueles que, pelo seu mérito, merecem o nosso aplauso.